Levítico 11 descreve animais limpos em oposição a animais impuros. Enquanto Deus permite o consumo de animais limpos, foi com a especificação de que o sangue seja removido. Esta prática geralmente não é seguida hoje. Assim, levanta questões sobre a saúde de todos os alimentos cárneos.
Os Adventistas do Sétimo Dia historicamente recomendam o abandono da carne impura antes do batismo na igreja, baseado principalmente neste capítulo em Levítico. Ellen G. White também incentiva uma dieta vegetariana baseada em vegetais. Observe esta declaração do Manuscrito 156, 1901, parágrafo 35:
“Ao chegar a mensagem aos que não haviam ouvido a verdade para este tempo, eles vêem que se precisa efetuar uma grande reforma em seu regime alimentar. Vêem que devem abandonar os alimentos cárneos, porque os mesmos suscitam a sede das bebidas alcoólicas, e enchem o organismo de moléstias. … O Senhor dará sabedoria a Seu povo para preparar daquilo que a terra proporciona, alimentos que tomem o lugar da carne. Combinações simples de nozes e cereais e frutas, preparadas com sabor e habilidade, serão vistas como proveitosas pelos descrentes."
Segue abaixo, excelente artigo extraído do blog do prof. Leandro Quadros:
Ao estudarmos Levítico 11, podemos pontuar algumas coisas importantes:
1. O capítulo é formado de seis seções principais. Cada seção se inicia usando a palavra estes, esses, esta (vs. 2, 9, 13, 24, 29, 46). O conteúdo do capítulo está, em termos gerais, bem organizados.
2. Os animais estão agrupados de acordo com a área em que habitam. Dessa forma, são mencionados primeiro os animais ou criaturas que habitam sobre a terra (vs. 2-8), depois os que habitam na água (vs. 9-12), e, finalmente, as criaturas do ar – aquelas que voam (vs. 13-23).
3. A distinção entre animais limpos e imundos é feita de maneira simples: os animais limpos têm unhas fendidas e remoem; os peixes limpos possuem barbatanas e escamas; e os pássaros ou aves limpos são caracterizados por não serem aves de rapina. No caso dos insetos, os que possuem pernas para saltar podem ser comidos (vs. 20:22).
4. O capítulo estabelece que a capacidade de contaminação dos animais impuros não se limita apenas ao ato de comer a sua carne. O indivíduo pode contaminar-se dependendo da forma que manuseia corpos mortos (v. 24). Mesmo um animal limpo que morre, torna-se em instrumento de impureza, podendo assim ser um agente contaminador, caso este animal seja portador de alguma doença, ou até mesmo pelos micro-organismos que se avolumam num corpo em putrefação (vs. 39). Com isto, podemos ver que um corpo morto é fonte de impureza.
5. A identificação de alguns animais mencionados em Levítico 11 é desconhecida. Algumas versões bíblicas preferiram transliterar alguns termos hebraicos, em lugar de lhes adivinhar o significado (v. 22 – argol e hagabe, que provavelmente designem fases do desenvolvimento do gafanhoto ou grupos diversos de gafanhotos). Claro é que para os leitores da Bíblia daquela época a identificação não constituía um problema. Estas breves observações indicam que Levítico 11 tem um caráter didático. A maneira simples e bem estruturada do capítulo tem como objetivo facilitar ao israelita o aprendizado do seu conteúdo. Nesse processo, foi muito útil seguir o princípio de distinção entre animais limpos e imundos, com a menção de exemplos específicos que ilustram o princípio exposto. Por isso é que a classificação dos animais em limpos e imundos não tem, o que se poderia chamar, um caráter “científico”, cuja compreensão esteja limitada ao especialista. Os critérios a serem usados para poder identificar o animal limpo ou imundo são de tipo pragmático; determinados, basicamente (na verdade exclusivamente), por aquilo que qualquer pessoa podia observar na fauna, como por exemplo, o animal deve ruminar e ter unha fendida. A lei fora estabelecida de acordo com o nível do israelita comum. Deus estava instruindo o Seu povo em geral, e não apenas um grupo privilegiado dentre o povo.
A lei dos animais limpos e imundos é uma lei de saúde, que tem como objetivo preservar a saúde do povo através de medidas preventivas de higiene. Deus informa Seu povo sobre aquilo que, por ser o melhor, devem comer para proteger o seu organismo. Comer não é, portanto, uma atividade apenas secular na vida do ser humano. Há um aspecto ético-religioso nas leis de saúde de Levítico 11. Se Deus definiu o que se deve ou não comer, isto deveria merecer nossa atenção.
Devemos mencionar, contudo, que os animais puros são relativamente puros. Quando morre, a impureza se apossa inteiramente deles (Levítico 11:39 e 40), e sua carne não pode ser comida nem tocada. Dessa forma, “os animais limpos são comparativamente confiáveis, como fonte de alimento, enquanto os imundos devem ser evitados devido à possibilidade de sua carne poder transmitir infecções”.
Essa lei sobre alimentos não contaminados é, quanto se saiba, única no antigo Oriente Próximo. A submissão a essa lei, contribuiria significativamente para distinguir os hebreus das demais nações que os rodeavam. Dessa maneira, proclamariam sua singularidade e a do seu Deus (Levítico 20:25 e 26). A lei dos alimentos limpos e imundos é uma lei de saúde. Originalmente a diferença entre animais limpos e imundos foi estabelecida por Deus para especificar os animais, dentre os quadrúpedes e das aves, que Ele aceitaria como sacrifício sobre Seu altar. Aparentemente, o critério que Ele usou para separar os animais foi o do estado de saúde destes. Os animais cujo corpo fosse sadio, poderiam ser oferecidos a Deus em sacrifício.
Quando Deus autorizou Seu povo a comer carne, eles deveriam usar como alimento os animais que Yahweh aceita como sacrifício. A lei torna-se agora numa lei de saúde, que tem como finalidade preservar a saúde física e espiritual do povo. Essa lei indica que Yahweh Se interessa pela saúde física de Seu povo. O físico é algo que Deus deseja que seja preservado em bom estado. Essa lei de saúde fala do cuidado preventivo da saúde e do interesse divino por esse cuidado. O conceito holístico do homem no pensamento bíblico, determina que saúde completa é a união do bem-estar espiritual, bem-estar físico e mental. É para esse tipo de saúde que as leis sobre alimentos limpos apontam e a tornam relevante para o homem moderno.
Ao estabelecer princípios dietéticos para os israelitas, Deus tencionava que essas regras fossem uma fonte de perenal benefício para a humanidade. A transmissão de algumas enfermidades, segundo têm sido comprovado por pesquisas médicas recentes, justifica plenamente a existência dessa lei antiga. Alguns encaram os preceitos bíblicos como se fosse uma tentativa da Divindade para reprimir predileções alimentares bem arraigadas, mas na realidade tais proibições apenas objetivam nos assegurar uma vida mais saudável. A ciência moderna continua apoiando as declarações daquele que é o Criador dos homens e dos animais.
Conclusão
“Devemos pedir diariamente o ensino do Espírito Santo, se quisermos adiantar-nos no conhecimento das coisas divinas. Sem o Espírito Santo a inteligência mais robusta e o raciocínio mais vigoroso pouco nos farão adiantar. Na leitura da Bíblia e na atenção que prestamos à pregação da Palavra, tudo depende do espírito com que lemos e ouvimos”.
Podemos então entender claramente, que a razão para Deus ter proibido certos alimentos tinha que ver exclusivamente com um princípio de saúde e não com um ritual religioso. Assim sendo, aquilo que era prejudicial ao homem nos dias de Moisés, também o era nos dias de Cristo, não fazendo sentido então, querer achar que Cristo estava abolindo um princípio de saúde.